segunda-feira, outubro 27, 2014

EICEL1920 realizou a quarta Acção Voluntária de Conservação do Património Mineiro.

Figura 1. Secção de Trituração.
A EICEL1920, Associação para a Defesa do Património Mineiro, Industrial e Arquitectónico, realizou, no passado mês de Setembro, a IV Acção Voluntária de Conservação do Património Mineiro, concretizando uma intervenção de grande relevância na antiga fábrica de briquetes da Mina do Espadanal.

Os trabalhos contaram com a participação de cerca de uma dezena de associados e com a colaboração da Junta de Freguesia de Rio Maior, que disponibilizou para o efeito uma máquina rectroescavadora e os serviços do respectivo motorista.

Sob autorização da Câmara Municipal de Rio Maior e com o acompanhamento técnico dos arquitectos Nuno Alexandre Rocha e João Mota Bogalho, dirigentes da EICEL1920, procedeu-se à remoção de anexos construídos durante a utilização do complexo mineiro como estaleiro municipal, nas décadas de oitenta e noventa, em particular nas secções de trituração (figura 1), briquetagem (figura 2) e central eléctrica (figura 3) da antiga fábrica de briquetes, e que descaracterizavam significativamente o conjunto edificado.


Figura 2. Secção de Briquetagem.
Realizou-se um registo pormenorizado das estruturas a demolir, para memória futura, com recurso a peças desenhadas e a levantamento fotográfico.

Os trabalhos de demolição foram executados com base em levantamento arquitectónico detalhado das estruturas originais, realizado no âmbito da tese "Couto Mineiro do Espadanal (Rio Maior). História, Património, Identidade", sendo conduzidos de forma a não causar qualquer dano no património a preservar.

Foi feita a separação dos resíduos resultantes das demolições, tendo como objectivo o posterior encaminhamento para local adequado, a cargo da Câmara Municipal de Rio Maior.

Figura 3. Central Eléctrica.



Conciliando com assinalável sucesso o estudo científico do património pela EICEL1920 com a disponibilidade da Junta de Freguesia de Rio Maior, foi assim dado mais um passo importante no processo de recuperação da antiga fábrica de briquetes da Mina do Espadanal, que deverá ter continuidade em próximas iniciativas.


A Direcção da EICEL1920.
27 de Outubro de 2014.

terça-feira, outubro 07, 2014

EICEL1920 representou o Couto Mineiro do Espadanal nas Jornadas Internacionais "Memórias do Carvão".

Figura 1 - Dirigentes da EICEL1920 e antigos Mineiros de Rio Maior frente ao plano inclinado de extracção da Mina de Alcanadas, 13 de Setembro de 2014. Da esquerda para a direita: Júlio Martins Filipe, João Verde da Costa, João Palminha, José Félix Gomes, Joaquim Henriques, Victor Almeida, Nuno Rocha, Marcelino Machado e João Bogalho.

As Jornadas Internacionais "Memórias do Carvão" decorreram nos concelhos da Batalha e Porto de Mós, nos dias 11, 12 e 13 de Setembro, tendo como promotores o Centro de Estudos de História e Filosofia da Ciência da Universidade de Évora, o Instituto de História Contemporânea da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, o Museu da Comunidade Concelhia da Batalha (Câmara Municipal da Batalha) e a Câmara Municipal de Porto de Mós.

No dia 11 de Setembro realizou-se, no auditório municipal da Batalha, a primeira sessão científica, com a apresentação de conferência pelo Prof. Doutor Manuel J. Lemos de Sousa (Carvões e carvões). Seguiu-se um painel de comunicações dedicado ao "Património Geológico e Mineiro", com intervenções de Pedro M. Callapez (A mina de carvão do Cabo Mondego e a Paleontologia portuguesa), Jorge Figueiredo (O Couto Mineiro do Lena - a base de um museu das indústrias e da comunidade), Daniela Alves Ribeiro (As minas do Pejão: da estrutura produtiva à paisagem cultural) e Josep Mata-Perelló; Ferran Climent Costa; Jaume Vilaltella Farras (El territorio geológico y minero del Aiguabarreig: "ócio, cultura y turismo a traves del Camino de Sirga").

Após a apresentação de posters por Vanda Santos (Minas de carvão e pegadas de dinossáurios: o exemplo do Cabo Mondego) e José Manuel Brandão (Minas de Alcanadas: prelúdio, fuga e final), (Carvão da Bezerra (Porto de Mós): "apropriado na condução do fogo das locomotivas"), teve lugar um segundo painel de comunicações dedicado à "Ciência, Energia e Tecnologia", com intervenções de Gilberto Gomes e Miguel Lobato (Os combustíveis na encruzilhada dos anos 30: impacto no sector dos transportes terrestres), Jorge Custódio (Os combustíveis da Energia a Vapor em Portugal. Contribuições para o seu estudo), Fernanda Rollo (O carvão e a indústria siderúrgica), Pedro Alves e Raquel Alves ("Burning coal" em Portugal - Ilustração de fenómenos e produtos neoformados).

O primeiro dia das Jornadas encerrou com a inauguração da exposição fotográfica "Como quem lavra as entranhas da terra", um projecto do f2.8 Colectivo de Fotografia, seguida de um convívio entre os participantes oferecido pela Câmara Municipal da Batalha e pela Adega Cooperativa da Batalha.

No dia 12 de Setembro teve lugar, no Cineteatro de Porto de Mós, a segunda sessão científica, que incluiu o terceiro painel de comunicações, dedicado à "História Mineira", com intervenções de Alberto Manzini (The technology at the service of the transfer of coal: technological innovation and economic role of Savona- San Giuseppe Cable Way), Octávio Puche-Riart (Algunos datos sobre los primeros usos del carbón en España), Matilde Azenha (História de uma mina contada por alunos do ensino secundário: o exemplo da exploração das lignites de Soure), J.M. Soares Pinto (A mina de carvão do Cabo Mondego: 200 anos de exploração), Micaela Cruz Santos (Minas de Carvão de São Pedro da Cova: complexo e museu mineiro) e da Equipa do Museu da Comunidade Concelhia da Batalha (Carvões do Lena: um projecto de investigação participada do MCCB).

Após inauguração de exposição de fotografia dedicada ao "Couto Mineiro do Lena: carvões, carris e a "luz ao fundo do túnel", realizou-se o quarto e último painel de comunicações, dedicado às "Memórias Económicas e Sociais", com a participação da EICEL1920. Neste painel intervieram Fernanda M. Sousa e Helena F. Oliveira (Registo de minas do concelho de Porto de Mós: a memória em suporte papel), Daniel Vieira (Não podiam trabalhar com fome: a greve de 1946 nas minas de S. Pedro da Cova), Nuno Rocha (Memórias da Comunidade Mineira Riomaiorense, 1916-1969), José Charters Monteiro (João Monteiro Conceição, engenheiro. Homem, técnico e empresário: um legado) e José Brandão (Mineiras do Lena: no fio da navalha).

Figura 2 - O Presidente da Direcção da EICEL1920, arquitecto Nuno Rocha, apresentando a comunicação "Memórias da Comunidade Mineira Riomaiorense, 1916-1969". Porto de Mós, 12 de Setembro de 2014. Fotografia gentilmente cedida pela Câmara Municipal de Porto de Mós.

Esta sessão foi encerrada, após conferência pelo Professor Miguel Ángel Alvarez Areces (Paisages mineros como património cultural), com a apresentação da versão preliminar das Conclusões das Jornadas pelo Coordenador do Secretariado Permanente, Prof. Doutor José Brandão, seguindo-se um jantar de convívio entre os participantes oferecido pela Câmara Municipal de Porto de Mós.

No dia 13 de Setembro (sábado) realizou-se uma jornada de convívio com visita ao antigo Couto Mineiro do Lena, nos concelhos da Batalha e Porto de Mós, na qual a EICEL1920 promoveu a participação dos antigos mineiros de Rio Maior e membros da Comissão de antigos funcionários da Empresa Industrial, Carbonífera e Electrotécnica, Limitada: António Tomaz Colaço, João Palminha, Joaquim Henriques, José Félix Gomes, Júlio Martins Filipe, Marcelino Pedro Machado, Victor Centúrio de Almeida e Vítor Rosário Carvalho.

O programa do passeio, no qual se estabeleceu intenso convívio entre os antigos mineiros do Lena e do Espadanal, incluiu, pela manhã, uma visita à fábrica de cimentos Maceira-Lis e respectivo museu e uma visita ao EcoParque Sensorial da Pia do Urso. Seguiu-se um animado almoço no Centro Recreativo de Alcanadas e visita ao plano inclinado de extracção da antiga Mina de Alcanadas, no concelho da Batalha.

Pela tarde realizou-se uma visita à antiga Mina da Bezerra, no concelho de Porto de Mós, e um passeio na Ecopista do Ramal do Lena, que resultou da transformação de troço do antigo Caminho-de-ferro do Lena num passeio pedonal e ciclável com um extraordinário enquadramento paisagístico. Durante este passeio foi gentilmente oferecido um lanche a todos os participantes pela Câmara Municipal de Porto de Mós. 

A jornada terminou com uma visita à antiga Central Termoeléctrica de Porto de Mós, que se encontra actualmente em estado de ruína, e na qual se prevê a futura instalação do museu e arquivo histórico do concelho.

A participação dos antigos mineiros de Rio Maior nas Jornadas Internacionais "Memórias do Carvão" contou com o apoio da Junta de Freguesia de Rio Maior que disponibilizou o transporte entre esta cidade e a Vila da Batalha.

As Conclusões das Jornadas Internacionais "Memórias do Carvão" podem ser consultadas na página oficial do evento, em: http://memoriasdocarvao.worpress.com
Destacamos as referências expressas ao património mineiro do concelho de Rio Maior, que transcrevemos em seguida:

"Tendo como pano de fundo o território do antigo Couto Mineiro do Lena, objecto de várias intervenções e sobre o qual é urgente intervir, entenderam os participantes expressar a sua preocupação pelo abandono e perda irreversível de património material e memória da extracção e utilização do carvão em Portugal. Apresentaram-se e discutiram-se em particular as situações do Cabo Mondego, cuja última fábrica outrora pilar do complexo mineiro foi recentemente desactivada; São Pedro da Cova, cuja monumentalidade - onde se inclui o cavalete de betão classificado como monumento público desde 2010 - que continua a aguardar requalificação; Soure, cujas minas e anexos industriais estão votados ao abandono; Rio Maior, cuja fábrica de briquetes, ex-líbris do antigo complexo mineiro do Espadanal, espera o avanço de um projecto de requalificação; e o Pejão onde, não obstante os estudos existentes, não têm sido registados avanços. O contraste é flagrante com outros países da Europa cujos exemplos foram trazidos, em que se avolumam as publicações, os museus e núcleos museológicos ligados ao carvão e, em muitos casos, a possibilidade de visitação de galerias abandonadas, devidamente adequadas às novas funções culturais, didácticas e mesmo lúdicas".

"Os participantes das Jornadas reconhecem o valor da história oral como fonte de pesquisa e documentação destas actividades, bem patente no intenso convívio com antigos mineiros dos Coutos do Lena e do Espadanal, durante a visita de campo, bem como o valor da recriação de antigos percursos industriais igualmente testemunhada nessa actividade".

Figura 3 - Mineiros do Lena e Mineiros do Espadanal, Mina da Bezerra, Porto de Mós, 13 de Setembro de 2014. Fotografia gentilmente cedida pelo Museu da Comunidade Concelhia da Batalha.

A Direcção da EICEL1920.
6 de Outubro de 2014.